segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Canção do caminho


Por aqui vou sem programa,

sem rumo,

sem nenhum itinerário.

O destino de quem ama,

como o trajeto do fumo.

Minha canção vai comigo.

Vai doce.

Tão sereno é seu compasso

que penso em ti, meu amigo.

- Se fosse,

em vez da canção, teu braço!

Ah, mas logo ali adiante

- Tão perto! -

acaba-se a terra bela.

Para este pequeno instante,

Decerto,

é melhor ir só com ela.

(Isto são coisas que digo,

que invento,

para achar a vida boa...

A canção que vai comigo

É a forma de esquecimento

Do sonho sonhado à toa...)

(Cecília Meireles)

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